Kéfera

Um experimento de tom, de interpretação e de escrita para entender o que há por trás da reação das pessoas e como uma história muda quando não se acerta o metafórico visual nem o roteiro.

Nua

Estava nua.

Nua de barreiras, nua de proteção, nua de expectativas quebradas. E, ao me ver assim, percebi que as multidões de apreciadores eram, na verdade, disfarces de uma invasão ao meu “eu” mais íntimo. Um e$t_Pro de ideias. Um roubo de liberdade.

Tudo isso maquiado por carros luxuosos, mansões de valores inestimáveis e uma estética que não condizia com minha alma despedaçada.

Eu sei. Tudo foi culpa minha. Decisão minha.

Também é decisão minha ficar por mais de duas horas em completa inércia, dentro de uma banheira tão límpida -- o completo oposto de minha alma. Enquanto o branco perfeito e lustroso da cerâmica gela a pele dos meus braços (apoiados sem qualquer energia, em cima dela), minha alma está… podre. Suja. Cheia de limo.

E vazia.

Tão vazia quanto as paredes à minha volta.

Sem cores, sem quadros, escuro e sem nem uma mísera planta para dar alguma vivacidade à um lugar que reflete o que existe em meu coração, onde, finalmente, me dei conta de que talvez, apenas talvez…

Não tenha valido a pena.


Autora: Bia Bizaio

Data de postagem: 27/10/2025